quinta-feira, maio 16, 2019

Tesouro no fim do arco-íris

A propósito das passadeiras LGBTI

Não me chocam nada.
Mas entendo que os sinais de trânsito devem ser o mais claros e formatados possível para que a sua leitura seja inequívoca.
Que sejam a preto e branco então

Li algures este texto de Paulo Côrte-Real (que não conheço de todo) mas que aborda questões que me pareceram legítimas s pertinentes:


[O que há no fim do arco-íris?

Quem não é alvo de discriminação - e de uma discriminação que está associada a crimes de ódio - não sabe o que é viver com medo. 

O meu país ainda me criminalizava em 1982 (eu é que ainda não sabia). Só fiquei subitamente curado pela OMS - da doença que não sabia que tinha - no início dos anos 90. 
O peso do insulto esteve lá, todos os dias - na rua, em qualquer escola, em colunas de jornal, na política - e ficou sempre na cabeça (que sabe que ele está nas outras cabeças). 
E não, não podia planear casar nem planear ser pai, porque quando se é um insulto não se é exatamente uma pessoa. 
E não, não podia dar a mão ou um beijo na rua sem pensar três vezes e sem ter consciência dos riscos e da vontade de os ignorar. Ensinaram-me a viver com medo.

O arco-íris sempre foi o refúgio: o símbolo que marcava os locais seguros, onde o medo podia parar e onde eu podia descobrir - e começar a aprender - o que era a liberdade. É que a liberdade demora a aprender. 

Aprendi-a no mesmo arco-íris que é símbolo da diversidade que sempre foi negada em leis, em instituições, em práticas, em imagens, em séries de televisão, em cabeças que não veem nem sentem para além do preto e branco. 

E foi no arco-íris que aprendi a resistência, a identidade e a comunidade. 
É por isso que ainda hoje estou sempre à procura de arco-íris - e estamos sempre à procura de arco-íris.

Uma passadeira arco-íris é só uma passadeira colorida para quem não percebe isto. Para mim - e para quem como eu procura sempre os arco-íris -, é saber cada vez mais que a rua também me pertence e que o medo não me deve pertencer. 

É que o que há no fim do arco-íris é a liberdade.]

4 comentários:

  1. Nem uma passadeira é.
    Porque não tem qualquer sustentáculo legal.
    É só uma pintura no chão.

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  2. A mim também não me chocam! Preocupa-me é o facto de que se houver algum acidente nestas "passadeiras" (entre aspas porque deixam de o ser quando desformatadas) e se não houver sinalização vertical, estará criado um imbróglio para o condutor e para o pedestre!
    De resto...
    ...opções pessoais são de cada um e ninguém tem nada a ver com isso!
    Lido todos os dias com pessoas de todos os lados do mundo, de todas as religiões, de todas as orientações sexuais e ainda não me caiu um braço... ;)

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  3. Subscrevo totalmente o comentário do Pedro e de "Filhos do Desespero" porque também eu lido com pessoas respeitando SEMPRE as opções pessoais.

    Jamais deveria haver dia de... sinal que a humanidade era mais feliz e respeitadora. Sei é é uma utopia mas há muitas formas de combater a descriminação e quem funda estas associações (não sei se é esta a expressão) deveria dar ferramentas a quem pede auxílio e não entrar neste tipo de chamada de atenção.

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  4. O texto é bom, gostei, de fato são questões bem pertinentes!

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