terça-feira, fevereiro 25, 2020

11/35 Se isto é um homem


Aqui há tempos (27 Janeiro) fiz uma publicação no Facebook a propósito dos 75 anos da libertação de Auschwitz. E várias pessoas me recomendaram este livro.
Não é um romance. É um relato. Que consegue trazer em si a cadência dos dias. Que fala dos horrores sem zanga, porque não havia já forças para a zanga, ou qualquer outra emoção que se fosse sentida tornaria insuportável a existência num campo de concentração (ou será melhor dizer de extermínio).
Primo Levi sobreviveu. E dá conta nos seus relatos daquilo a que consegue aceder da sua própria experiência.
Deixa de fora a verdadeira força da angústia e da fome, do medo permanente pelas mais pequenas coisas, da dor. Nomeia-as! Enumera-as! Reconhece-as!  Mas (pelo menos eu sinto assim) é inacessível ou impossível de traduzir em palavras a verdadeira dimensão de uma angústia sem nome.
Sinto-a talvez mais presente na descrição de terceiros, do seu olhar, dos seus gestos desesperados, da desistência que habitava corpos vazios de alma.
Um livro que torna possível, sustentável, o “visitar”  uma realidade tão inabarcável.
Para que nunca se esqueça do que o Homem foi/é capaz.


Sinopse:
Na noite de 13 de Dezembro de 1943, Primo Levi, um jovem químico membro da resistência, é detido pelas forças alemãs. Tendo confessado a sua ascendência judaica, é deportado para Auschwitz em Fevereiro do ano seguinte; aí permanecerá até finais de Janeiro de 1945, quando o campo é finalmente libertado. 
Da experiência no campo nasce o escritor que neste livro relata, sem nunca ceder à tentação do melodrama e mantendo-se sempre dentro dos limites da mais rigorosa objectividade, a vida no Lager e a luta pela sobrevivência num meio em que o homem já nada conta. 
Se Isto é um Homem tornou-se rapidamente um clássico da literatura italiana e é, sem qualquer dúvida, um dos livros mais importantes da vastíssima produção literária sobre as perseguições nazis aos judeus.

2 comentários:

  1. Para efectivamente nunca esquecer e combater os negacionistas que crescem.

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  2. Ainda não o li
    Ultimamente tenho optado mais por livros leves de romance, ou policiais

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