terça-feira, fevereiro 13, 2018

(...)

(só um ensaio de outras linguagens...)



Entretenho-me às vezes a desenhar, às escondidas, no meu pensamento, a tua boca.
Adivinho-lhe o contorno, ... a pele delicada e rósea, o respirar quente dos teus lábios entreabertos, num sopro leve e almiscarado.
E a minha boca perto da tua.
Sinto os meus próprios lábios expectantes, como que na antecipação do beijo. A pele tensa torna a minha boca hiper-presente. Quase involuntariamente sinto os meus dentes a morderem o rebordo...
Alterno, na minha mente inebriada, entre o toque quase imperceptível, numa tensão crescente da antecipação do encontro dos lábios, e a voracidade animal, de duas bocas famintas.
A fome é de beijos.
Da tua boca e da tua pele.
Queria seguir-lhe o contorno com a ponta dos dedos, memoriza-la, guarda-la para dias assim - em que me perco na tua boca que não está aqui.



4 comentários:

  1. Bela escrita, Boop!
    Só espero e desejo que o Cardeal D. Manuel Clemente não seja teu leitor. :)

    Uma boa tarde de domingo :)

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  2. E quem disse que estou fora dos sagrados sacramentos do matrimónio???
    ;)

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  3. Lá diz o povão que não há fome que não dê em fartura... :)

    Genial, Boop.

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