segunda-feira, agosto 14, 2017

1988

1988 - o primeiro ano que passamos férias nesta casa.
Sem electricidade ligada ainda.
Dia 25 de Agosto fomos comer fora de propósito para podermos ter notícias da nossa cidade que ardia.
O centro de Lisboa em chamas.

Hoje fomos almoçar nesse mesmo local.
Um restaurante (que nem tasca chega a ser), longe do fernesim turístico, frequentado por velhos algarvios, sempre os mesmos fregueses habituais, onde sabemos haver bom peixe e umas lulas recheadas bem boas.

Na televisão passavam imagens de um país a arder. O inferno à porta de amigos e conhecidos - e de tantos desconhecidos.
Lembrei com um certo mal estar um Mail que tinha mandado esta manhã, com um assunto menor, a alguém que talvez traga o coração inquieto com as chamas devoradoras.

O fogo assusta-me!
Quase com a mesma força com que me enfeitiça.
Não consigo imaginar o horror, que me chega filtrado num vidro retangular no canto do teto de um restaurante do Barlavento  - sem som, sem cheiro, sem calor...
E espero nunca experimentar esse horror...

A angústia em forma pura
O horror do indizível
A impotência perante uma força natural bruta
...




1 comentário:

  1. e o inferno continua na sua maioria à custa de mãos criminosas!

    Força mulher...tudo na vida passa, embora até passar tenhamos de pisar, trilhar sobre brasas e não só.

    Beijocas

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