Quando era pequena os meus pais mudaram-se para um aldeia a poucos km de Lisboa. A nossa rua era a última, o que me (nos) deu um contexto óptimo para brincar.
Na rua passavam poucos carros (não era sitio de passagem, só os carros de quem morava lá) e por isso era muito seguro brincar na rua - coisa que a minha mãe diz que fazia desde os 2,5 anos de idade.
E, melhor ainda, era o campo que havia em frente. Terrenos ainda desabitados, para nós cheios de aventuras. Ervas altas, amoras, amontoados de pedras de basalto de que fazíamos as nossas "casas", e os muitos e variados pequenos animais, recordo com especial deslumbre os lagartos coloridos imóveis nas rochas a apanhar sol.
A parede da nossa casa era coberta por hera, a janela do quarto do meu irmão aparecia como um rectângulo recortado entre o verde. Eu gostava muito dessa parede.
Quase sempre, no quarto dele, havia uma osga a morar, por detrás de uma estante grande que ocupava toda a parede. Era uma convivência pacifica. Diria até acarinhada pelo meu irmão.
Recentemente voltei, para morar, à aldeia onde cresci. Hoje já não é aldeia - é Vila! E a distância para Lisboa parece ter encurtado - certamente fui só eu que cresci!
Mas talvez por tudo isto nada estranhei quando esta Osga Bebé se infiltrou na casa de banho do meu quarto. Foi baptizada - chama-se Jonas. E por lá anda há quase duas semanas pelo tecto. Eu fico preocupada com ela. Acho que não consegue sair, e que ali não tem com que se alimentar. Vou deixando a janela aberta para ela poder ir embora...
É tão pequenina....
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PS - (no dia depois) Ontem à noite quando me fui deitar procurei por ele e já não estava lá. Conseguiu sair, terá percebido que ali o alimento escasseava e não se iria safar. Foi à vida dele! 😀
Não é bicho pela qual nutra grande simpatia, mas admito que como todos os outros criados pela Natureza exerça a sua função na cadeia a alimentar !
ResponderEliminarSe a minha mulher visse desatava a gritar e ficava à espera do meu socorro :))
ResponderEliminarFizeste-me recuar no tempo porque apanhávamos as osgas e dentro de casa mal se apanhavam nas paredes iam para o tecto fazer a função que mais gostam: apanhar os mosquitos. São muito geladas daí gostarem de estar ao sol. Quando me deitava mantinha a luz do quarto acesa para as ver no contraste da luz e o meu irmão dizia tantas vezes: mana são transparentes:)
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
Que coisa mais fofa! :)
ResponderEliminarGostei do texto, pelas tuas memórias, pelas observações de relevâncias ao que pode parecer, para outros, irrelevante, mas gostei especialmente pelo foco em Jonas, essa pequena criação da natureza! ;)
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