Antes de mais quero dizer-vos que sou o que podem chamar de um homem medroso!
Conheço visceralmente o abismo da aterrorizadora experiência do sufoco perante um negro absoluto.
A náusea.
A náusea.
A rigidez que me prende os músculos, que chegam a doer de tão inutilmente tensos.
Um vazio que de tão grande ocupa todo o espaço.
E como a racionalidade se esvai.
Chamam-lhe “medo”.
Para mim é só uma coisa enorme que não tem nome e que eu não sei pensar.
Só o meu corpo o sabe “dizer” à sua maneira. Um grito surdo dos meus músculos. Um contorcer das minhas vísceras, em peristaltismos agonizantes, em descargas de merda liquida, num segregar de bílis que me sobe à boca e me amarga os dias, na fome que não chega.
Só o meu corpo o sabe “dizer” à sua maneira. Um grito surdo dos meus músculos. Um contorcer das minhas vísceras, em peristaltismos agonizantes, em descargas de merda liquida, num segregar de bílis que me sobe à boca e me amarga os dias, na fome que não chega.
É uma espiral vertiginosa de solidão.
O pior do medo é ser vivido sozinho.
Tu. Sozinho. Num universo inteiro de abismos.
E cresce.
Cresce como o próprio universo sem qualquer limite, sem qualquer fim.
Um cair sem rede e sem fundo.
A antecipação permanente de um terror maior que na verdade nunca chegou. Ainda. Mas que te espreita no segundo seguinte, e no seguinte, e no seguinte...
A antecipação permanente de um terror maior que na verdade nunca chegou. Ainda. Mas que te espreita no segundo seguinte, e no seguinte, e no seguinte...
E agora tenho uma criança a perguntar-me:
- O que é o medo?
Sinto de imediato um suor frio assomar-se à minha testa.
(Sim, o frio é transversal a qualquer experiência de medo)
Eu treinei para isto!
- O medo faz parte da vida - digo mais para mim do que para ela.
E continuo:
- Sabes? O medo na verdade é teu amigo. Se fores fazer alguma coisa e tiveres medo, fazes com mais cuidado. O medo protege. Já viste o que aconteceria se os gatos não tivessem medo dos cães?
E à medida que vou falando sinto o alivio que as palavras nos trazem.
Soubesse eu dizer sempre os meus medos!
Soubesse eu dizer sempre os meus medos!
Tal e qual e não sei o que dizer mais apenas que a ansiedade junta ao medo é das piores situações. Felizmente com o tempo fiz um trabalho sozinha e claro que há medos mas não deixo que a estupurada da ansiedade se instale.
ResponderEliminarAdorei amiga e parabéns pela tua escrita.
Beijocas e um bom domingo
Gostei muito. Tivemos de verdade o MEDO no início e algo a contrapor-lhe depois
ResponderEliminarum beijinho e bom final de Domingo