terça-feira, março 03, 2020

Esta noite sonhei


(Aqui fica para memória futura)

Esta foi uma noite longa.
Ou será melhor dizer um sonho longo. Daqueles a que voltamos ao voltar a adormecer mesmo depois de acordar mais do que uma vez.
Sonhei que por causa de uma fuga de gás num esquentador que estava montado no tronco do pinheiro da casa da minha avó (no sonho havia uma daquelas casas de madeira de jardim lindíssimas encostada ao pinheiro) me vi obrigada a cortar o pinheiro (à machadada e com as minhas próprias mãos) para evitar um grande incêndio.
Depois disto vejo-me numa angústia tremenda de ter de ir ter com ela e explicar-lhe que tinha cortado o pinheiro que era super importante para ela. Dizia a toda a gente que era eu que tinha de lhe dizer e imaginava-me em lágrimas a confessar-lhe o meu acto, e a saber que seria difícil explicar porque tinha sido mesmo a única opção - cortar o pinheiro plantado pelo meu avô e que era a alma de toda a casa.
Noutra parte do sonho a minha avó pedia que depois dela morrer se colocasse uma placa no portão da casa a dizer “aqui viveu fulana tal....” (dizia o texto todo) e alguns segredos que seriam revelados depois da morte dela que a constituiriam como uma pessoa de relevo histórico e por isso impossível de apagar da memória colectiva.
Não chegou a pesadelo. Mas acordou-me várias vezes.
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Eu fui viver para a casa da minha avó aqui há uns 13 anos.
Efectivamente mandei retirar o enorme pinheiro manso que ocupava todo o quintal das traseiras.
Nesse pinheiro foram pendurados baloiços enquanto eu crescia. As suas pinhas, para além de nos darem pinhões, alimentavam a lareira lá de casa. Todos os anos se cortava uma das pernadas mais jovens e se montava na minha casa uma árvore de Natal para mim enorme! Era sem dúvida um traço identitário da casa da avó.
E há uns 3 anos vendi essa casa (o que me fez ter o primeiro desentendimento sério com a minha irmã, e ter convocado uma reunião de família para verificarmos - ou não - a possibilidade da venda da casa).

Uma parte de mim tem ainda muita pena de se ter desfeito da 🏡 casa.

Tenho uma ideia do porquê deste sonho agora.
Sei identificar os restos diurnos que o fizeram aparecer nestes contornos.
Não tinha no entanto consciência que ainda me pesava assim o ter-me desfeito (“queimado” e “destruído”) algo que foi tão importante para ela.
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Como disse fica aqui o registo para memória futura

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