quinta-feira, dezembro 03, 2015

Amor / Dor

Ninguém está preparado para ser mãe!
Encandeados por preconceitos transgeracionais, pela figura da mãe amantíssima, pelo presépio da família perfeita, convencemos-nos que seremos capazes! Que afinal ser mãe é cuidar e amar, porque não haveríamos de conseguir?

Ninguém nos fala das dúvidas, das inoperâncias, dos medos.
Da dor de ser mãe.
E não estamos preparadas para ela.
Só depois, ou por isso mesmo, nos transformamos em mães!

Só depois de ser mãe o óbvio se tornou real para mim.
Inevitável!
Esmagador!
Que aquela criança iria ser tremendamente amada por mim (com todas as minhas imperfeições).
E por ter perto uma amiga com uma filha com deficiência lembro-me de ter pensado: "amaria esta criança de igual modo, mesmo se deficiente profunda"
Posso parecer-vos pedante, superficial, preconceituosa, ingénua, mas na verdade nunca tinha pensado nessa hipótese. Não assim, mesmo a sério!

E não sabia Dora, que enquanto me enamorava da minha Sara, te encantavas tu com o teu Fred.
Nem sabia da tua/vossa história.
Nem da tua dor/amor

Mas sabia-te uma pessoa inteira! Sabia-te capaz! Sabia-te doce! Sabia-te inteligente! Sabia-te carinhosa! Sabia-te intensa!
E generosa!
Como contínuas a ser (ainda mais?) por partilhares os teus afectos!

Leiam por favor: Dora na Maria Capaz


(Não sei o que é ser pai. Não sei se sentem o mesmo. Simplesmente não sei!)

2 comentários:

  1. E o que é engraçado relativamente a essa coisa de não saber nada, é que de cada vez é um recomeço mesmo. As mesmas dúvidas, as mesmas perguntas, os mesmos medos. E o caminho só se faz andando. E com cada um é um caminho diferente...

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  2. Ser mãe (sou homem, o que poderá fazer toda a diferença) parece-me ser um momento único, a descoberta de um estado que foge a toda a moderna racionalidade, tão afecta ao velhinho livro do merceeiro do "deve" e do "haver". Como não sou mulher, que mais dizer? Nada, a não ser cingir-me ao mero papel de observador.

    Uma boa semana :)

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