(E assim continua esta história - Episódio 1)
Episódio 2
O Abilio saiu de casa.
Passa pelo café do Manel, pede um café e um bagaço.
Bebe os dois de um trago.
Arrepende-se logo de seguida. E se se notar no hálito a cheiro da aguardente? Quase instintivamente começa a remexer os lábios e a lingua, lavando a boca com a própria saliva, e a bufar para a mão a tentar verificar o cheiro.
Respira fundo!
"Raio da mulher que o está a por nervoso!"
Está quase com 60 anos (ainda faltam 3 anos, na verdade) e não quer ficar sozinho para o resto da vida. Vai dizendo de si para si, que ainda é muito homem! E que lhe faz falta uma mulher.
Nunca contou a ninguém daquela vez que foi à cidade e se deitou com uma mulher do ofício. Tinha cumprido a função, pois tinha, que o corpo funciona bem - se funciona! Mas aquilo não era para ele. Sentiu um misto de vergonha e culpa, não por ter procurado o serviço, já que tantos o fazem, e não deve nada a ninguém; mas um sentimento mais intimo, de ter estado com aquela mulher, tão à vontade com as coisas do corpo, que o fez sentir menino e acanhado - não que o tenha mostrado! Que a fanfarronice se aprende nos bancos da escola primária!
Quer uma mulher a sério.
Que não envergonhe a memória da Alice.
A Alice tinha sido a sua mulher. Mas sempre frágil de saúde. e foi-se com uma pneumonia num abrir e fechar de olhos. Até tinha custado a compreender tão rápido se deu a coisa.
Não lhe tinha dado filhos e sente-se só.
Precisa de uma mulher.
Sabe que apesar do seu esforço tem a casa desleixada e as camisas mal engomadas.
Quer companhia ao serão.
Quer a cama aquecida, e o corpo saciado.
Quer poder ir à igreja de cabeça erguida, participar da comunhão, e não sentir o olhar de piedade das beatas mal f*****, que vêem nele um homem acabado. Só esta lembrança o deixa furioso e a praguejar para dentro.
O carro faz a curva da estrada, lá está a Maria conforme o combinado. De repente sente um misto de alivio e nervosismo. Percebe só ali que queria, e ao mesmo tempo não queria, que ela comparecesse ao encontro.
Mas lembrou-se outra vez "Aprende-se a ser homem nos bancos da escola primária".
Faz pisca e encosta o carro na berma da estrada.
(depois continuo)
:)
(E termina aqui - Episódio 3)
E deixas no ar uma curiosidade de...aguardo pelo próximo episódio. Gostei imenso e a música também.
ResponderEliminarBeijocas e um bom dia
Eu também estou curiosa Fatyly!
ResponderEliminar:)
Quem sabe o que me vai sair da cabeça?!
No episódio 1, a perspectiva da Maria. No 2.º, a do Abílio. Interessante, sem dúvida, a aumentar a responsabilidade sobre o que surgir no episódio 3.
ResponderEliminarQue coelho sairá da cartola? Vamos a isso, Boop. :)
Um destes dias continuo!
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