Breaking the Ice | Carlos Farinha 2017 |
Manuel era um homem de trato fácil, educado, mas que mantinha, na maioria das ocasiões, uma reserva natural, às vezes mal interpretada, confundida com desprendimento ou desinteresse. Era nessa distância que se sentia bem.
Sentado numa mesa recuada, ou num banco de jardim folheando um jornal, ia observando o mundo que como se no teatro estivesse, implicando-se de quando em vez nos enredos complexos das gentes, personagens, que iam compondo a sua própria história. Que é como quem diz, que nunca se opôs a tomar parte das cenas. Chegou a ocupar até lugares de destaque aqui e ali, tal era a prontidão com que às vezes vestia o papel para que o solicitavam. Mas com ele sempre uma reserva, algo enigmática, pois ninguém lhe conhecia razão para tanto mistério. Era assim!
Um dia, como que por acaso, reparou numa mulher. Sem grande entusiasmo ou curiosidade. Reparou simplesmente que ela ali estava. E assim de longe, durante muito tempo, semanas, meses, foi observando. E adivinhando nela histórias, desejos, poemas, músicas... como se de uma doce noite prolongada se tratasse, sem se aperceber foi-a sonhando.
Certa tarde, sentindo que a conhecia já por tanto a ter sonhado, quase sem se aperceber do limite entre a sua imaginação e a realidade dirigiu-se a ela.
E ao emprestar-lhe assim um novo olhar sobre ela própria, passou uma fronteira que nunca antes ninguém passara.
Na verdade assustaram-se os dois com a intensidade dos afectos, que o novo tem o seu quê de inquietante. Mas neste nicho só dos dois, souberam-se os dois autênticos. Ele levou-lhe as suas paixões, como quem lhe apresenta novas músicas, e transforma a banda sonora da vida. Ela guiou-o pelo desconhecido mundo do feminino, mostrando-lhe os recantos intrincados tão poucas vezes iluminados.
Como acabou esta história? Na verdade ninguém sabe, que os corações andam ainda inquietos.
Sentado numa mesa recuada, ou num banco de jardim folheando um jornal, ia observando o mundo que como se no teatro estivesse, implicando-se de quando em vez nos enredos complexos das gentes, personagens, que iam compondo a sua própria história. Que é como quem diz, que nunca se opôs a tomar parte das cenas. Chegou a ocupar até lugares de destaque aqui e ali, tal era a prontidão com que às vezes vestia o papel para que o solicitavam. Mas com ele sempre uma reserva, algo enigmática, pois ninguém lhe conhecia razão para tanto mistério. Era assim!
Um dia, como que por acaso, reparou numa mulher. Sem grande entusiasmo ou curiosidade. Reparou simplesmente que ela ali estava. E assim de longe, durante muito tempo, semanas, meses, foi observando. E adivinhando nela histórias, desejos, poemas, músicas... como se de uma doce noite prolongada se tratasse, sem se aperceber foi-a sonhando.
Certa tarde, sentindo que a conhecia já por tanto a ter sonhado, quase sem se aperceber do limite entre a sua imaginação e a realidade dirigiu-se a ela.
E ao emprestar-lhe assim um novo olhar sobre ela própria, passou uma fronteira que nunca antes ninguém passara.
Na verdade assustaram-se os dois com a intensidade dos afectos, que o novo tem o seu quê de inquietante. Mas neste nicho só dos dois, souberam-se os dois autênticos. Ele levou-lhe as suas paixões, como quem lhe apresenta novas músicas, e transforma a banda sonora da vida. Ela guiou-o pelo desconhecido mundo do feminino, mostrando-lhe os recantos intrincados tão poucas vezes iluminados.
Como acabou esta história? Na verdade ninguém sabe, que os corações andam ainda inquietos.
Ah, como é lindo um romance!
ResponderEliminarPor ser bonito o amor,
Seja do jeito que for,
Sempre está fora de alcance.
Tal Manoel deu seu lance
Ou investida em penhor
De sua paixão, o clamor
Aos laços, é uma chance
De atar laços de enlace,
Mas mostra apenas a face
Das faces que o amor tem.
O amor é a coisa mais linda
Que há. E não há ainda
Melhor do que ele, além!
Grande abraço. Laerte.