sábado, junho 15, 2019

Voltar às origens

Já devo ter comentado convosco a minha resistência em voltar para a vila que me viu crescer. Nunca tive vontade de tal e se não tivesse sido o Mr Boop a sugerir virmos ver aqui uma casa nunca teria vindo,
A verdade é que adorámos esta casa e... aqui estou de novo.

Tenho voltado sempre aqui, mas de visita. Esta vila está cheia de pessoas que adoro.

Vim morar para aqui em Julho 1975. Ainda este lugar era um lugarejo a começar a ser urbanizado. E por isso muitos casais novos o escolheram. As casas vizinhas estavam cheias de crianças como eu. Rapidamente nos tornamos amigos, e passávamos horas na casa uns dos outros e na rua a brincar. Lembro-me ainda das brincadeiras que inventávamos, dos discos que ouvíamos, das divisões (das várias casas) onde brincávamos, dos lugares na rua/campos onde íamos. E de quem eram os adultos que faziam parte deste mundo. Era uma vila sem avós. Na minha rua só me recordo de duas irmãs já idosas que partilhavam a casa. Lembro-me tão bem delas! Tão diferentes, em termos de personalidade, uma da outra!

Agora voltei a "estar".
Vou ao café, à papelaria, ao supermercado, aos correios, ao restaurante, só não voltei à missa!
E a diferença é tão grande!
A aldeia tornou-se vila.
Já não conheço toda a gente (mas conheço à vontadinha 1/3 - e por isso mesmo não queria voltar para cá!)
E há tantos "avós".
Isso é o que mais diferencia a aldeia de antes da vila de hoje.
Uma população tão mais envelhecida. - "Normal", talvez! - e estupidamente isso entristeceu-me - talvez por ser a simples constatação de que também eu envelheci.

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Lembrando os companheiros de brincadeira - A minha irmã Sofia (que hoje ninguém trata por esse nome), a Margarida (que faz anos hoje), o Chico, a Catarina, o Pedro, a Guida, (e a Belinha), a Marina, a pequena Marilia e as irmãs Noémia e Luísa, o meu vizinho Carlos e a irmã Olga, o Pedro Inácio, o Paulo.
E quando o mundo cresceu só um bocadinho, as pessoas da rua de trás - o Paulo e o Dinis, a Elsa, ...
E depois o mundo cresceu tanto que seria impossível enumerar todos, mas também impossível não lembrar a Paula "A" amiga da minha adolescência.
Este lugar pertence-me sim. E eu pertenço-lhe.
(Desculpem a nostalgia)

2 comentários:

  1. Quem me dera poder voltar às minhas origens e sabes tu muito bem que é verdade. Dos imensos amigos de então a maior parte a guerra resolveu pulverizar...e disso agora não quero falar!:(

    Estou cá há muitos anos e quem sobra nesta zona? Velhos, uns avós outros não porque a criançada desse tempo não se fixou aqui. Há uns dois ou três anos com imensos emigrantes há imensas crianças e algazarra:) mas a maioria não cria raízes porque é um entra e saí que até dói e tudo porquê? Rendas absurdas!

    Um magnífico texto que me deixou muito comovida.

    Beijos garota linda

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  2. Vou voltar à que me viu nascer e crescer em Outubro.
    Boa semana

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