Confinada, sentada em frente ao computador lembro a viagem que nunca fiz.
A Galafura fica na margem norte do magnífico Douro. Estradas sinuosas que partem do Peso da Régua vão subindo encostas trabalhadas em centenários socalcos. O sol quente de um verão que se intrometeu nos fins da primavera, aquece-me o carro, a pele, e traz a doce sonolência do amadurecer das uvas.
Hoje vou visita-lo.
Tantas vezes o ouvi perguntar: “Boop, tem ido ao Douro?”. Para de seguida trocarmos algumas palavras sobre as vindimas, a quantidade da uva, a qualidade do vinho...
António é o seu nome.
Nunca o tratei por António. Nunca.
Para mim sempre foi carinhosamente “Professor”! E quando a ele me refiro uso-lhe o apelido.
Volvidos quase 30 anos percebo que sempre foi uma presença.
Por isso hoje levo-lhe um dos vinhos generosos feitos com as uvas apanhadas por mim e pelos meus como que numa troca de galhardetes.
Nunca o tratei por António. Nunca.
Para mim sempre foi carinhosamente “Professor”! E quando a ele me refiro uso-lhe o apelido.
Volvidos quase 30 anos percebo que sempre foi uma presença.
Por isso hoje levo-lhe um dos vinhos generosos feitos com as uvas apanhadas por mim e pelos meus como que numa troca de galhardetes.
Sinto os ouvidos estalar por estar a subir a pique.
As vinhas que ladeiam um e outro lado da estrada, estão cuidadas, o verde das suas folhas é ainda tenro, e transbordam promessas de boas colheitas.
Imagino-o a abrir uma garrafa de Quinta dos Mattos, um Doc, Reserva, Tinta amarela (sempre gostei do seu amor à etimologia, e o valorizar das tradições – porquê chamar a casta de trincadeira?), a servir um copo para cada um, a sentarmo-nos num alpendre, em cadeiras rústicas, e deixarmos que o olhar se perca na imensidão das vinhas.
Talvez aí falemos de psicanálise... talvez!
Mas porque não contarmos histórias, falarmos das vinhas, e das vindimas do antigamente? E do amor - é a pessoa que mais ouvi falar do amor!
Continuo em frente ao meu computador, tão cedo não irei a lado nenhum.
Pego num cálice de Porto, e faço-lhe um brinde a si Professor.
Ando há anos a sonhar investir nessa zona.
ResponderEliminarE o sonho permanece.
Boa semana
Uma narrativa cheia de amor e saudades.
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
Bom dia:- Nestes momentos de isolamento resta-nos passear através dos caminhos mais iluminados do imaginário.
ResponderEliminar.
Votos de uma semana feliz
Nada como descontrair com Histórias das coisas do antigamente!
ResponderEliminar-
Eu posso...
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Beijos. Uma excelente semana...Fiquem em casa.
Parece um lugar lindo - e ainda mais interessante pela tua descrição.
ResponderEliminarEstava aqui pensando neste momento que há muito tempo que nos enviamos mensagens através dos blogs, mas até hoje não sei qual o teu verdadeiro nome, suponho que quando criaste o blog pensaste em um espaço onde compartilhar ideias através de um pseudônimo... Espero que tu estejas bem, tomando cuidado, porque é necessário, abraço.
Gostei deste Professor :)
ResponderEliminarum beijinho e uma boa noite
O que gostei de ler esta declaração de Amor, porque é disso que se trata, ao Professor e à Natureza.
ResponderEliminarHá um tipo de pessoas de que gosto particularmente: aquelas que são gente com gente dentro, não invólucros ocos.
Obrigada por esta bela partilha.
Beijinho