terça-feira, maio 05, 2020
Psicoterapia de máscara - um parodoxo distópico.
Este blog é para mim a cima de tudo local de despreocupação, de brincar com conceitos, de criar e/ou partilhar coisas simples de todos os dias.
Mas hoje trago-vos uma preocupação bem real e ainda em maturação no meio psi. (ou dentro de mim mesma...)
Um espaço terapêutico é por si só um lugar especial.
Pretende-se que ali seja possível um encontro humano e afectivo. Que se crie um lugar seguro, às vezes único, que seja a-moral, em que possam cair as máscaras, descobrir (des-cobrir) devagar, com todo o cuidado, com um cinzel, e um pincel muito fino, afastar o possível a camada rigifidicada e dura que esconde outras formas de existir até então aparentemente impossíveis.
Um caminho partilhado, de acesso a afectos, a pedaços de história, a paletas de mil tonalidades, de fina discriminação.
Dificilmente se estará mais despido e seguro que numa relação terapêutica. Com a entrega ao outro das partes mais frágeis de si.
Um lugar seguro!
Um lugar seguro....
A introdução de uma máscara facial, elemento que aparentemente estará presente nos nossos dias por muito tempo, passa a mensagem paradoxal:
"Este é um lugar seguro, onde podes ser infectado com uma doença letal para ti ou para os teus..."
ou
"Aqui suporto todos os teus impulsos, desejos, ideações, agressivas e assassinas, mas tenho medo que me tragas algo de mau que me possa destruir..."
ou
"..."
Não estou preparada para isto.
Não ainda!
Não sei se quero estar.
A psicoterapia nada tem de asséptico!
E os dias de hoje exigem-nos a todos rigor!
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já tinha pensado nisso no caso dos assaltantes... quem é que os leva a sério agora que toda a gente usa uma máscara?
ResponderEliminarCada profissão com as suas particularidades.....
Eliminar;)
Está bom para as agências funerárias e para os marceneiros!
Já tinha pensado neste tema mas não nesta vertente...
ResponderEliminarLevo daqui algo mais em que pensar :)
Ora que bom!
EliminarSe há coisas novas para pensar a visita aqui ao canto ficou ganha!
Eu penso que isto já passou pela cabeça de toda a gente digna e séria! Vamos a ver até que ponto as mascaras são "úteis" ou não! se bem me entendem!
ResponderEliminarBeijos. Boa tarde!
Serão úteis!
EliminarA experiência de outros países assim o indica!
As máscaras são sobretudo para proteger o outro.
ResponderEliminarE, se todos protegermos o outro, protegemo-nos a nós próprios porque encerramos o círculo.
Sei disso...
EliminarMas sei que em situações particulares terá implicações que à primeira vista não são óbvias.
Muito interessante mas fazer psicoterapia de máscara acho que fica difícil e logo eu que em debates televisivos por exemplo agora só mostram a cara de quem fala e ao lado imagens que passam do mais do mesmo e assim não se vê as expressões faciais de todos.
ResponderEliminarSó uso máscara nos espaços fechados e mal chego à rua tiro de imediato porque quem sofre de renite alérgica parece que estou num campo de poeira...possas!!! Mas tem de ser porque assim ordenam.
Há mascaras terríveis e assustadoras e mal vejo ao longe mudo de direcção.
Já te disse várias vezes que gostaria muito de fazer psicoterapia mas o preço das consultas ficam totalmente fora do meu orçamento.Beijos
Eu ainda não consigo conceber isso...
EliminarPor enquanto vou manter-me em tele-trabalho e vou avaliando a situação semana a semana...
Eu também pensei nisso, mas noutras vertentes. Em aulas de língua é terrível se as pessoas estiverem todas com as bocas tapadas. Ontem vi nas notícias a produção de máscaras com uma janela de plástico para surdos-mudos. E o que acho bastante cómico aqui é o facto de há meia dúzia de meses havia todo um celeuma à volta das burkas, niqabs e lenços na cabeça e agora andamos todos de máscara :)
ResponderEliminarBem... acho que ninguém gosta....
Eliminar:(
(da ideia, do conceito, das implicações...)
Mas aceitamos as vantagens neste momento!
Nunca fui paranoide, por isso nunca me importei com a forma como os outros se vestem, ou com os adereços que usam. Mas a verdade é que por aqui por terras lusas, essa nunca foi uma questão muito presente!