O Caminho é continuar

Há 4 anos fizemos o primeiro dia do primeiro caminho até Santiago de Compostela.
É difícil explicar o que é fazer O Caminho.
Como é difícil explicar a beleza do deserto.
Ou a sensação de tomar banho no Mar Morto.

Como falar do que nos enche a alma?

O andar a pé, percorrer grandes distâncias, dá-nos uma dimensão diferente do tempo, para nós tantas
vezes concebida na relação espaço/tempo e associado à velocidade.
O ritmo mede-se pela cadência dos passos, pelas pausas, pela curva mais próxima que se aproxima no final de uma subida num carreiro no meio da floresta.
Fazer o caminho é não saber o que nos espera, se planície, se floresta, se alcatrão ou carreiro, se sol ou chuva, se uma subida íngreme ou uma descida (para mim as descidas são o mais difícil do caminho), mas saber que isso não é o importante.
O Caminho é continuar.
Uma pé na frente do outro.
Cada qual consigo próprio. Para mim não é uma experiência religiosa. (Para muitos será) Mas tem o seu quê de mágico no contacto com a natureza, na superação dos meus próprios limites, no contacto comigo mesma.
O Caminho é feito com amigos. Mas é também todos os momentos em que caminhei sozinha.

Há 4 anos começou o primeiro
Há 3 o 2.º...
Há 2 o 3.º...
No ano passado o 4.º...
Sempre por caminhos diferentes. Sempre em alturas diferentes do ano. E sempre com sol e chuva. Primavera / Verão / Outono.

Este ano provavelmente não haverá caminho para mim/nós.
Quem sabe no próximo ano...