quinta-feira, junho 11, 2020

Sede indulgentes


Eis que a propósito do 10 de Junho surge uma oportunidade de me solidarizar com os meus companheiros de infortúnio - as pobres almas, que por uma razão ou outra, maltratam a língua lusa, e fazem poetas como Camões dar voltas na sepultura.

Aqui a Boop sempre padeceu deste mal, qual podridão escondida e envergonhada, de trocar letras, hífens e acentos. Tal “mal” valeu-me descidas de médias escolares, repreensões escritas e orais, desinvestimento em tudo o que foram línguas no percurso escolar, e acanhamento no que toca a escrever fosse o que fosse. Também o “mal” me terá obrigado e enriquecer o vocabulário, sinónimos eram sempre bem vindos quando na fluência da escrita me deparava com uma dificuldade ortográfica inesperada.

Duas coisas me ajudaram - muito! - a melhorar nesta minha dificuldade.
1 - os correctores ortográficos dos processadores de texto, que ao apresentarem de imediato a forma correcta de escrita me ajudaram a memorizar e interiorizar a regra.
2 - um professor de ensino especial com quem trabalhei nos meus 20’s que me explicou que o tipo de erros que eu fazia eram sinal de um déficit na descriminação auditiva, que provavelmente terei tido aquando da aprendizagem da escrita - desculpabilizou-me! Pela primeira vez percebi que “o erro” não se devia à falta de investimento ou capacidade, e isso ajudou-me a reinvestir na aprendizagem das regras e dos casos especiais de ortografia.

Hoje escrevo melhor, mas... ainda farei com que os grandes apaixonados da língua portuguesa se contorçam ao ler-me. Lamento.
Agradeço quando me indicam o erro. Mais ainda quando me o explicam. A minha cruzada para melhorar o desempenho não terminou aos 20. Será trabalho para o resto da vida.
Sei que se voltasse a trás, já não teria “3” a Português/Inglês/Francês - geralmente os únicos nas minhas pautas. Mas na verdade acabaram por não me prejudicar grandemente. O que não se aprendeu mais cedo... foi adquirido mais tarde!

Sejam portando indulgentes.
Nem sempre os erros ortográficos são sinal de desleixo e desinvestimento.
;)



6 comentários:

  1. É muito interessante o que dizes e ainda bem que conseguiste entender a origem das coisas. É engraçado porque os meus alunos têm dificuldade em diferenciar sons como "avó vs avô", "falamos vs falámos" ou "queijo vs queixo", precisamente porque não ouvem a diferença e por isso não a conseguem (inicialmente) reproduzir. Às vezes para os motivar digo que há falantes nativos que têm problemas com "à vs há" e eles nem sequer percebem o motivo da confusão!

    ResponderEliminar
  2. Eu, para não errar, deixo apenas uma 🌹
    .
    Tenha um dia feliz
    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  3. não raras vezes ainda dou aquele "pontapé" na gramática, umas por descuido, outras por desconhecimento, o que me deixa revoltado tal o prazer que sempre tive pela escrita. Mas o mais importante que ficou daquilo que escreveste foi a lição de que nunca é tarde para aprendermos, toda a vida é uma constante aprendizagem que deita por terra aquela famosa frase do "burro velho não prende línguas". Aprende, desde que queira.

    ResponderEliminar
  4. Acho que escreves muito bem! Quer pelo respeito das regras gramaticais quer pelo conteúdo.
    Comigo acho que a pressa me tem levado a cometer erros e que recorrer ao processador me ajudou por exemplo com os sinais.

    ResponderEliminar
  5. Tinha visto esta imagem ontem no Facebook de amigos.
    Cinco estrelas!
    Bfds

    ResponderEliminar
  6. A imagem está excelente. Também dou erros e vou-te relembrar um que em pleno canal aberto me disseste:

    Hoje fizestes um post excelente...fizestes? ou fizeste? O "s" a mais que graças a ele levei tanta reguada e fiquei traumatizada:))) Lembras-te?

    Beijocas e um bom dia

    ResponderEliminar