Depois deixei-me levar.
A vida dura destes miúdos, órfãos e desamparados, deixou-os à mercê de todo o tipo de mau trato e manipulação. Como pode alguém existir (no verdadeiro sentido do “ser” “Ego-sintónico”) se a realidade em que se encontra não lhe reconhece essa existência?
Mas o que é cativante neste livro não é a história de desamparo, nem sequer a raiva que cresce no âmago e que se torna motor de subsistência, emprestando objectivos de vida, destrutivos mas claros e precisos.
O que me cativou a mim foi a possibilidade de momentos de infância, de meninice, de cumplicidades, de amor fraterno, que no meio de tanta desolação mantêm presente a possibilidade de um futuro diferente.
SINOPSE
Lela, a protagonista deste romance, tem duas certezas na vida: a de que o seu professor de História tem de morrer e a de que ela precisa de começar uma vida nova para lá desse campo onde as peras caem.
Numa Geórgia recém-independente, nos arredores de Tbilisi, fica uma casa apalaçada onde funciona uma instituição que acolhe órfãos e crianças com deficiência mental. É conhecida por Escola dos Idiotas, ainda que a maioria dos que hoje ali vivem - como o pequeno Irakli - tenham sido simplesmente abandonados pelas mães por desespero e não sofram de qualquer doença mental. Porém, em lugar de serem acarinhadas e educadas, as crianças da Escola dos Idiotas recebem dos professores sobretudo lições de negligência e abuso.
Com dezoito anos feitos, Lela já tem idade para poder deixar o estabelecimento, mas está lá há tanto tempo que não se lembra de ter tido família. E, não sabendo para onde ir, aceita um trabalho na instituição para poder planear à vontade a sua vingança suprema e, ao mesmo tempo, preparar a adoção de Irakli por um casal norte-americano. Mas nem tudo corre como planeado…
Este é um retrato poderoso, mas sem sentimentalismos, de um grupo de jovens que se defendem mutuamente da crueldade do mundo dos adultos. Premiado e aplaudido pela crítica e pelo público, ficará seguramente na memória de todos os leitores.
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