(Texto rascunhado após visita ao museu do azulejo e que está em processo de transformação para ser publicado em outras instancias!)
São descritos, desde que há palavra escrita, monstros terríficos, personificando todo o mal que o desconhecido encerra.
Antes da escrita, teríamos já a tradição oral, as histórias contadas e repetidas nessa necessidade tão nossa (é do humano que se trata) de nomear, visualizar, tornar concreto, para assim ganhar (a ilusão de) controlo.
E antes disso eram provavelmente desenhados.
Dos mitos, aos contos de fadas, os seres mágicos que os povos do mundo inventaram são de uma riqueza que me maravilha.
Não podemos hoje em dia separarmo-nos dos caldo sócio-cultural onde mergulhámos desde o nascimento. Por isso mesmo são essas as mesmas criaturas que habitam os sonhos/pesadelos, as metáforas que criamos ou as histórias que inventamos.
Ontem fui visitar o Convento Madre de Deus em Lisboa (onde está hoje situado o museu do azulejo).
Numa das paredes laterais da igreja do convento (na parte reconstruída nos séc XVII e XVIII), num cantinho que provavelmente me teria passado despercebido não me tivesse eu sentado num banco por uns momentos, encontrei este “monstro”.
De imediato me vieram à lembrança os monstros do livro “Onde vivem os monstros” de Maurice Sendak (título original - “Where the Wild Things Are”). Nesse livro infantil magnífico uma criança é chamada de “monstro” devido ao seu mau comportamento e mandada para o quarto sem jantar, e entramos de seguida, numa viagem pelo fantástico mundo onírico, no confronto com as projeções internas transformadas em terríveis criaturas que Max progressivamente teme, aceita e domina, para só então poder regressar a casa.
Mas voltando ao azulejo.
Fez-me mergulhar nesta ideia de inconsciente colectivo. Do caldo comum em que todos estamos submersos. Seguramente que Maurice Sendak nunca visitou a igreja do convento de Madre de Deus, mas estamos a falar dos mesmos monstros que habitam as entranhas dos homens. Seja em que século for.
Ainda existem monstros?
ResponderEliminarCumprimentos
A azulejaria portuguesa é excepcional.
ResponderEliminarPáscoa Feliz
Um texto muito bom e gostei muito!
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
Esperemos que a arte do azulejo, nunca se perca !
ResponderEliminarBoa Páscoa