Houve um dia que sem saberes me pediste o sol.
Sabia das tuas trevas, dos teus recantos secretos, conhecia-te o avesso. Pressentia as tuas angústias sem me as contares, e intuía os dias em que me querias por perto.
Então, chegava de mansinho, tateando, como se não soubesse se havia lugar para mim junto de ti, recusando-me a confiar no que a minha intuição me diz.
Mas lê-mos-nos um ao outro tão bem. Separem-nos 3 km, ou 300, não é preciso mergulhar nos teus olhos, (mas como é bom mergulhar nos teus olhos).
Saber o que te aquece e o que te enregela, saber, como sei às vezes, que não me posso acercar, que o teu mundo não cabe no meu, mas assim sendo como posso saber-te tanto?! E não resistir em atirar-te uma pedrinha à janela. Como quem diz “-Rosa, estás aí?”
E depois houve um dia em que me pediste o sol.
Ou terei sido eu a pedir-te-o a ti?
E desdobrámo-nos os dois, reinventámos-nos, fomos mais que nós mesmos, numa verdade que se fosse prolongada por mais tempo se tornaria insuportável.
É que desejar o sol tendo a certeza da sua incandescência é brincar com o fogo.
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