Tenho umas dezenas de livros para ler em pilhas que se multiplicam por todos os cantos.
Mas ontem a minha irmã, terminou este cá em casa e eu acabei por ficar com ele…. Li-o num instante!
A qualidade literária não é o forte do livro.
O que o distingue é a clareza com que denuncia a prática da pedofilia.
Um relato na primeira pessoa que nos deixa com uma sensação de náusea.
A escrita é simples e despretensiosa. Tem o propósito de expurgar uma experiência traumática. O decifrar da própria participação (consentimento) numa relação abusiva. Que papel teve? Quem não a protegeu?
Visita a sua sexualidade infantil, e toma consciência do que lhe foi roubado no que diz respeito à descoberta, aceitação, desfrute da sexualidade adulta.
Uma adolescente introduzida precocemente no mundo perverso dos adultos.
O capa do livro “vende” uma história de amor. Não se deixem enganar. Nenhuma história entre um adulto e uma criança pode ser adjectivada com a palavra amor.
O mundo terá sempre as suas “Lolitas”.
E é importante que vozes como as de Vanessa Springora se façam ouvir.
As denúncias e a coragem de sair de uma relação abusiva - de que este romance auto-biográfico dá conta - são de muita importância para que cada vez mais jovens, rapazes e raparigas, não se deixem manipular.
Nota-se na leitura do livro a presença da sua análise pessoal, que aliás a autora refere como tendo sido lugar de resgate de si própria.
E é um exemplo de como a exteriorização de um conteúdo tão difícil (neste caso na terapia e posteriormente neste livro) permite a elaboração do mesmo.
Resumindo:
@ qualidade literária fraquinha
@ tema mexe com as entranhas - indigna!
@ é válido como denunciador de uma prática extremamente errada
@ serviu seguramente como forma de resignificação da história, como um reconstruir de uma narrativa
Abomino a pedofilia. Até tremo quando leio algo sobre esse horrendo crime.
ResponderEliminarAcredito que seja um livro com uma narrativa muito interessante de ler
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Cumprimentos poéticos … bom fim de semana.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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É um tema que sempre me afligiu bem como a violação e sempre conversei com as filhas desde bem pequenas.
ResponderEliminarUm tema que deve ser debatido em família mas quando o predador quase sempre é chegado à família e se a criança/adolescente dá sinais e muitas vezes são desvalorizadas daí sentirem culpa.
Quando apanhados, presos e condenados muita gente apela pela "castração" mais que provada noutros países que não resulta. Claro que não porque é do foro mental.
Digo-te Boop que este flagelo tem décadas par não dizer séculos e felizmente já se fala, mas houve gerações que padeceram às mãos dos pais e hoje ainda estão marcadas e marcados e muitos e muitas seguem as pegadas dos pais.
A nossa justiça é branda e dou-te um exemplo no caso daquele professor que foi transferido de uma escola para outra (não sei a razão) e que aconselhou a verem os vídeos que fazia a alunos do 12ºano.
Pena: suspensão por 90 dias com processo disciplinar. Como? Por amor da santa um funcionário público que faça isso e até abuse de menores deveria era ser expulso e bem condenado, assim como TODOS E TODAS que os façam. Nisto falham muitas instituições e a justiça é branda muito branda e fico por aqui porque já estou em pólvora.
Beijos e um bom sábado
Não me seduz, confesso.
ResponderEliminarBoa semana