quarta-feira, agosto 31, 2022

24/40 Filho de Deus



De início algo desgarrado, com pedaços soltos de um história ainda inacessível, este é um livro que acaba por se entranhar.

Cormac McCarthy traz-nos a história de Lester Ballard, um homem de uma América rural, rude e tacanho, de fraca inteligência e tolerado pelos seus compatriotas, cuja existência é bem resumida nesta frase já no final do livro: “Ballard de frágil camisa de noite branca num frágil quarto branco, falso acólito ou criminoso antisséptico, um aprendiz da perversidade, um violador de sepulturas nas horas vagas”.

McCarthy consegue trazer-nos a escalada degradante de um homem que pelas suas limitações não se apercebe verdadeiramente da irreversibilidade dos seus actos. Um percurso onde o agir impera, sem qualquer pejo moral, sem respeito por qualquer lei, um homem ao sabor do impulso.
Sem educação, moral, ou lei, prevalece tudo o que é primário.

Interessante como é possível trazer este personagem tão básico (no que respeita às suas capacidade emocionais, sociais e intelectuais) com uma linguagem tão cuidada e elaborada como é a de Cormac McCarthy, que é indiscutivelmente um dos pontos positivos desta obra, o que levou os críticos a usarem palavras como: “paixão” “ternura” “eloquência” “belo” “violento”.

Não sei se recomendaria a muito gente (pensando nos meus filhos por ex.) pela tamanha imoralidade.
Mas reconheço-o um bom livro! 



SINOPSE

Filho de Deus é a história de Lester Ballard, um solitário homem rural que foi afastado das suas terras. Psicologicamente desequilibrado, mas dotado de uma imaginação fértil, cruel e pervertida, deambula pelos montanhosos domínios do Tennessee.

Filho de Deus
ISBN 9789896414160Editor: Relógio D'ÁguaIdioma: PortuguêsDimensões: 152 x 232 x 11 mmPáginas: 193


 

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