As vozes dos homens a preparar a jorna.
Tesouras, baldes, preparar os lagares.
Nos socalcos as folhas das videiras começam já a ganhar a cor rubi que anuncia que chega ao fim mais um ciclo.
As uvas, fruto nobre, esperam a mão que as apanha.
Os homens e mulheres, em conversa animada, seguem cepa a cepa, bardo a bardo, socalco a socalco, contam histórias de outras vindimas, repetem rituais, inventam novos, lançam aqui e ali uma piada mais atrevida, enganam assim o tempo e as costas dobradas e evitam olhar para cima para saber o quanto falta.
"Balde!" - ouve-se de quando em vez e lá aparece alguém que troca um balde cheio por um balde por encher.
Desde manhãzinha alguém brinca dizendo amiúde "está quase!"
E entre risos, comendo aqui e ali umas uvas para matar a sede e a fome, vai-se subindo a encosta.
Mais tarde, prensada a uva, os pés descalços entram no lagar para proceder à pisa.
Mais uma vez são os risos que imperam. Há todos os anos alguém que entra pela primeira vez no lagar, e pela primeira vez sente na pele o esmagar da uva, o calor que emana, a textura que envolve as pernas.
Alguém pega numa gaita de beiços e entoa uma música, batem-se as palmas a acompanhar, enquanto com os pés se dá cor ao vinho.
O trabalho árduo fica amenizado pelo encontro da família e amigos.
As dores nas costas, os arranhões nas mãos feitos na apanha de um ou outro cacho mais entrelaçado nos arames e nos troncos, ficarão para amanhã.
Hoje do trabalho faz-se festa!
Foto da menina (filha) Boop |
Quando se tem "terra" e se reúne a família e amigos a vida tem outro colorido.
ResponderEliminarLevaste-me à minha terra distante, não na apanha da uva, mas a apanha do café em plantações de amigos que jamais esqueço.
A foto da tua menina está 5*****
Beijocas
A época das vindimas é um dos meus momentos preferidos do ano.
ResponderEliminarFatyly,
ResponderEliminarGostava um dia de passear numa fazenda de café.
Imagino-as dos tantos livros que li.
Queria sentir-lhe os cheiros, a alma...
Quem sabe um dia...
Eros,
ResponderEliminarBem vindo.
Das vindimas gosto dos rituais. Que se vão repetindo ano após ano, geração após geração. A repetição dos gestos, dos passos, a magia do criar o delicioso néctar, faz-nos sentir parte de um todo intemporal.
Do trabalho.... Não gosto! Ahahah
(E como terás tu vindo aqui parar? 😉)
Foi ao avistar-te na caixa de comentários de algum blog, que não me recordo. Já te sigo há muito, mas apenas agora decidi deixar as minhas primeiras palavras. Como não me quedar por aqui, sendo que me deparo com muitas das minhas perdições: viagens, literatura, cinema, gastronomia... :)
EliminarUm beijo, e bom fim-de-semana!
Já sei!
ResponderEliminar"Mergulhaste"!
:)