sexta-feira, julho 03, 2020

25/35 Todo o Mundo


Todo-o-mundo.
Fala-nos de uma inevitabilidade - a morte.
E fala-nos da morte falando-nos da vida, das suas unicidades, e da condição perecível.
Todo-o-mundo é essa universalidade, mas é também o nome de uma joalharia, num bairro pobre, em que os operários adquirem os seus sonhos - os anéis de noivado, um relógio - através da qual nos apercebemos que por mais difícil que seja o dia a dia o poder ter um diamante nos torna únicos, possuidores de uma beleza intemporal e eterna, uma centelha numa vida cinzenta. 
O registo de Philip Roth que ao mesmo tempo nos consegue trazer a concretude e a metáfora. 

É um olhar sobre o corpo que vai perdendo a força/saúde. Um reflectir sobre a morte, por parte de quem sente a juventude perdida, a certeza de um fim que se aproxima sorrateiro, à espreita em cada doença, intuída com angústia e solidão. O viver com um corpo retalhado de múltiplas invasões médicas. E a Inveja da juventude mesmo que fútil, e dos que envelhecem isentos de mácula (doença), ao mesmo tempo em que há um despropósito na existência quando é vivida, ou simplesmente sofrida, longe do amor (seja ele de que natureza for - divina, conjugal, filial, sexual).

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