Passava gente na travessa, mas passavam por ele?
Saía, manhã cedo, das portas do prédio cor de rosa. Olhar atento. Ou seria desconfiado? Distante? E perdia-se na cidade.Vestia elegantemente a sua "mentira". Ou não vivem todos os homens uma mentira restando-lhes apenas escolher a "sua"!?
Mas que esconde aquela boca de sorriso triste? Lábios desenhados, carnudos, barba densa cuidadosamente aparada.
Quem beija aquela boca?
Quem transforma aquele sorriso?
É que os olhos que acompanham o triste sorriso são de um castanho profundo e brilhante. Adivinha-se, se quiserem por momentos estar atentos àquele olhar, uma imensa capacidade de sentir.
Quem suporta aquele olhar?
Quem receberá afinal toda a intensidade, teia mesclada de intensos pesares, imensos desejos, pensamentos profundos?
Passa na travessa o homem de olhar atento! Será triste o seu sorriso?
É que alguém o amou esta noite!
Não percebem vocês que passam por ele e não o vêem! Mas por momentos alguém amou o homem de sorriso triste e olhar intenso, e por momentos a "sua mentira" foi despida acompanhando a roupa que se espalhou pelo chão. E os olhos que o olharam sem medo e a boca que encontrou os seus lábios, deixaram uma marca indistinta, serena, que vai acompanha-lo hoje, pelo menos hoje, quando desaparecer invisível para muitos olhares, nas ruas da sua Lisboa.
Tão real...escreves maravilhosamente bem e já tinha saudades de ler textos teus!
ResponderEliminarBeijocas