quinta-feira, junho 18, 2015

Aquele beijo

(esta história podia ter esta e esta banda sonora)

Manuela é uma mulher comum.
Quem passa por ela na rua não repara nela.
Nem bonita nem feia, segue caminho bem com ela própria.
Ponderada, serena, segura.

Mas dentro dela guarda um beijo
Não podemos saber ao certo se é ela que guarda o beijo, ou se é esse beijo que a assalta, tirano, sorrateiro, numa memória precisa, quase gráfica, quando menos espera.

A verdade é que o sente ainda. 
Nesses momentos fugazes, intemporais, a memória e o pensamento traem-a.
O corpo preso entre a parede e o corpo dele.
E as bocas num beijo.
É uma memória corpórea, que a incendeia.
Que anula o tempo e a distância.

E enquanto o seu corpo se transmuta, à mercê desse beijo que se impõe à sua vontade...
Manuela segue aparentemente segura, invisível aos olhos de quem com ela na rua se cruza.



2 comentários:

  1. Adorei esta descrição poética. As mulheres têm um modo diferente de viver a fantasia.
    Parabéns.

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  2. Foi um beijo marcante. Dizem que não há beijo como o primeiro. Pode ser que tenha sido o primeiro. :)

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