domingo, outubro 15, 2017

Medo



"Sim, às vezes tenho medo, e às vezes o medo invade-me e eu pareço menos eu. E parece que estou sozinho, mesmo que vos tenha ao pé de mim. É que não estão ao pé deste eu que não vos mostro. Este 'é' medo. E fico pequenino, incapaz, naquele tempo aquém das palavras porque não sei - não quero - nomear isto. É que tenho medo. Sou medo. Quero um colo que não há mulher no mundo que me o possa dar. Nem mulher, nem homem. Ninguém. Sim, às vezes tenho medo."

Eu... não me lembro de um medo que um colo não curasse.
Ou tenho "maus" medos...
... ou bons colos!
Mas a memória é curta e tende a amenizar as maiores dores. (que agora à medida que fui escrevendo fui recuperando algumas memórias de momentos de medo)
...ou vou sabendo dar colo a mim própria.


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Acho que não foi por acaso que escrevi isto hoje, um dia em que mais uma vez o país está em chamas, em que temos Verão a meio de outubro, em que me chegam noticias inquietantes de países distantes que evocam horrores indiscritíveis. Desamparos legitimados pelo mundo - eu falei dos outros, legitimados pela verdade de quem os sente.

2 comentários:

  1. Assistir a este espectáculo pela televisão é uma coisa, bem pior é viver no terreno.

    Algo está por detrás desta calamidade e não me saí da cabeça o seguinte:

    - Querem destruir a actual governação e como não têm conseguido fazem-no desta forma. Há muita política misturada e no meio deste caos não vejo "bem materiais e até de subsistência" de quem tem muito. Depois os cortes dantesco que houve no que toca aos bombeiros, falta de meios e sobretudo de formação...e o negócio dos meios aéreos e a falta de mão pesada para quem ateia os fogos por conta própria ou a mando de alguém...enfim...como sempre e em tudo são os mais frágeis que pagam a factura.

    Não consigo dizer mais nada!

    Um abraço animador e com esperança de que chova

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  2. Hoje de manhã, presa não trânsito, a ouvir rádio enquanto levava as crianças para a escola, tive pensamentos muito semelhantes aos teus.
    E assusta-me que se faça da floresta um jogo. Mesmo!
    Gente de vistas curtas! Que não se apercebe dos tiros no pé que dá!

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