Gosto da tentativa de contar uma história inteira em apenas 300 palavras. (Bem... os Haiku têm 17 silabas.... 😃)
E desta vez acho que consegui.
Independentemente da pontuação que tiver... gosto deste texto.
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A manhã deste dia de Abril nasce com um resto de frio. A luz do sol que entra pela janela não aquece o quarto e sinto os pés gelados e as pernas entorpecidas. Faço o meu café, frugal, e sento-me na mesa da cozinha. Esta casa para onde me mudei depois de me teres morrido é uma sombra do que fomos.
Na mesa da sala, junto a uma jarra que confesso-te muito raramente tem flores, está aquela fotografia que tirámos junto ao Sena em 1973, lembras-te? Tinha-te dito que eras “la plus belle fleur de Paris”, e o teu sorriso era tudo para mim. Aprendeste francês mais depressa do que eu, e à noite, deitados, dizias as palavras que mais tinhas gostado, rias com os “ús” e com “ices”, que me provocavam arrepios quando ditos sussurrados ao ouvido.
“Mon amour” - palavras que repetimos a vida toda.
Na mesa da sala, junto a uma jarra que confesso-te muito raramente tem flores, está aquela fotografia que tirámos junto ao Sena em 1973, lembras-te? Tinha-te dito que eras “la plus belle fleur de Paris”, e o teu sorriso era tudo para mim. Aprendeste francês mais depressa do que eu, e à noite, deitados, dizias as palavras que mais tinhas gostado, rias com os “ús” e com “ices”, que me provocavam arrepios quando ditos sussurrados ao ouvido.
“Mon amour” - palavras que repetimos a vida toda.
Hoje não vou ficar em casa. Hoje não!
(Estar fechado em casa seria muito mais fácil contigo).
Abro a gaveta de baixo da cómoda, ainda é aquela que fomos buscar a Paços de Ferreira depois de ir visitar o tio Fernando, e pego com um cuidado a que já não estou habituado nas nossas memórias. As mãos tremem-me, reconheço-me velho, mas hoje é Abril, não vou ficar em casa, e recuso-me a ter idade, seja ela qual for.
A Liberdade está desenhada num lenço com a tua letra, ato-o na cabeça como sempre, e pego na bandeira vermelha e verde. Amo este país.
Saio à rua deserta neste fim de mundo alienado onde moro.
A Liberdade está desenhada num lenço com a tua letra, ato-o na cabeça como sempre, e pego na bandeira vermelha e verde. Amo este país.
Saio à rua deserta neste fim de mundo alienado onde moro.
“Vai para casa palhaço!”
Não os oiço.
Vejo-me contigo quando em 98 fomos viver Abril a Castelo de Vide, a nossa homenagem a Salgueiro Maia, numa festa de cravos mil.
Vejo-me contigo quando em 98 fomos viver Abril a Castelo de Vide, a nossa homenagem a Salgueiro Maia, numa festa de cravos mil.
Hoje vou arranjar um cravo der por onde der “La plus belle fleur de Portugal”.
Fotografia de Alécio de Andrade - Paris (Pont des Arts), 1987 |
Gostei muito apesar de ser triste
ResponderEliminarÉ triste e não é....
EliminarUm pouco resignado, talvez.
Mas a manter as suas convicções e as suas tradições!
Este ano os festejos foram diferentes.
ResponderEliminarMas nem por isso menos sentidos.
Boa semana
Se calhar até mais!
EliminarQue bonito, que poético :)
ResponderEliminarAinda bem que gostaste! :)
EliminarQueria ter mais de 300 palavras...
Gostei bastante! ;)
ResponderEliminar-
O que diz o meu olhar
Beijos e uma excelente semana.
Obrigada!
EliminarUma história de amor e sozinho abre a gaveta das memórias boas que todos devemos guardar e consegue sair.
ResponderEliminarGostei muito e comovi-me!
Beijos
Todas as histórias para mim são histórias de amor.... sou muito lamechas!
EliminarAhahahah
Fiquei de coração cheio de ler-te hoje...todos os amores mereciam esse cravo.
ResponderEliminarCada amor tem de descobrir "o seu cravo" !
Eliminar;)