segunda-feira, junho 15, 2020

23/35 A Porta


A relação entre duas mulheres que nos fala de tanta coisa!
Mas sobretudo Emerence.
Há em cada um de nós uma parte, geralmente escondida, que é igual a esta mulher.
Na teimosia, no desaforo, na falta de filtro, na ostentação de uma sobranceria nascida de um puro narcisismo infantil (e de toda a fragilidade que sabemos existir na falha narcísica).
Mas Emerence traz-nos também um passado de que não podemos fugir. Ela é a história antiga de um povo. Condensa em si as batalhas e as atrocidades. Traz nela o horror sem nome, o inominável, aquilo a que apenas podemos aceder parcialmente sob a pena de um desmoronamento psíquico.
É “a verdade” e por isso não há outra escolha senão amá-la. Por mais crua, violenta, excruciante que seja.
A porta... separa o mundo de tudo isto que é Emerence - e por isso o interior é inacessível. E inalcansável.  Como inacessível é o amor, a História, o horror, a verdade...
Este livro fala-nos sobre isso. A impossibilidade de aceder, de saber, de uma verdade Histórica e pessoal que nunca poderá ser contada nem entendida na sua globalidade mas que nos acompanha, umas vezes muda, outras gritando, e que ecoa visceralmente sem fuga possível.


Sinopse:
(Na Wook)
Romance escrito em tom confessional e vagamente autobiográfico, A Porta narra a estreita relação que se estabelece entre duas mulheres na Hungria dos anos do pós-guerra: Magda, uma jovem escritora, e a sua empregada, Emerence, uma camponesa analfabeta.
Magda, até então impedida de publicar, é politicamente reabilitada pelo regime, e torna-se escritora a tempo inteiro, alcançando, aos poucos, o merecido sucesso e reconhecimento social.
Ao mudar-se para um apartamento maior, emprega Emerence para a ajudar com as lides domésticas. Esta é uma figura enigmática, respeitada e quase temida pela vizinhança, sobre a qual exerce uma autoridade natural, embora ninguém conheça verdadeiramente o seu passado ou vida privada. A porta de sua casa está sempre fechada.
A inesperada e dramática doença do marido de Magda reforçará a ligação e intimidade entre as duas mulheres, as quais, não obstante as enormes diferenças que as separam, estabelecem uma insólita relação de dependência e confiança mútua, que fará Emerence abrir a porta de sua casa a Magda, revelando-lhe os segredos de um passado traumático, ao mesmo tempo que precipita um final trágico na sua relação

10 comentários:

  1. Salvo erro, Szabo (um apelido bastante comum húngaro) significa sabão!

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    1. Fiquei curiosa e fui consultar o tradutor.
      Diz que Szabo = alfaiate
      Não sei...
      O meu apelido não significa nada!

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    2. Fui ver...
      Afinal significa "filho do homem"
      Ahahaha
      Antes do homem do que de Deus - já viste a responsabilidade !?!?!?

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    3. A ignorância é uma bênção :DDDDD

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  2. Acredito que seja um romance muito sedutor de ler
    .
    Desejando um bom inicio de semana
    Deixando uma 🌹

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  3. Boa tarde!
    Fantástica publicação. Acredito piamente que seja um bom romance!!
    -
    Acordo abraçada pela nefasta melancolia

    Beijos e uma excelente Semana. :)

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  4. Especialmente relevante nestes tempos que parece terem apagado da mente das pessoas a contextualização dos factos.

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    1. Sim.
      A cegueira aumenta quando a História é esquecida.

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