Pardais e outros que tais

A casa com vista de serra, que imponente se eleva lá longe, acolhe quem nela se demora uns dias.
Na verdade mais perto da praia do que da serra, mas que importa a realidade se o que os olhos vêm são os cumes e os declives e não o suave desnível até ao mar.
A serena paisagem algarvia, de tons matizados do escuro verde das árvores ao amarelo palha dos campos secos.
E o silêncio!
Silêncio de vozes de gente.
Porque são muitos os sons daqueles que ali habitam em permanência.
Grilos, cigarras, sapos, o zumbido dos pequenos seres alados, desde mosquitos a abelhas, e o quase ininterrupto cantar dos pássaros.
Sim! São os pássaros que mais reclamam a casa como sua.
Os ninhos nos beirais e nas árvores estão cheios de pequenas e famintas crias, que chilreiam desde que o sol nasce. Os pais respondem de longe, alto e em bom som, para bem se fazerem ouvir.
Quase excessivo tanto chilreio.

Os outros habitantes permanentes são mais silenciosos. E confiam na sua descrição para se manterem por lá. Aranhas, formigas, lagartas, escaravelhos e osgas, lagartos e caracóis.

Todos eles mais senhores da casa do que eu.
Por isso faço por não os incomodar.
Só enxoto moscas e melgas. Que uma mulher não é de ferro!