domingo, novembro 08, 2020

35/35 + 2 Ambas as mãos sobre o corpo

 


Gosto (muito) da poesia de Maria Teresa Horta, mas “aguento-a” em pequenas doses. Este livro ajudou-me a perceber porquê. O feminino transpira em todas as palavras, mas não é o “meu feminino” - se é que posso por assim as coisas. Aqui tudo é intenso, de uma intensidade corrosiva que raia o desespero. O corpo é uma cápsula onde habitam sentimentos e pensamentos algo dispersos. O sensorial serve de limite para um eu que ameaça fragmentar-se, mas que, munido de uma imagem pública, se veste de sedução e mistério.
Não é seguramente o “meu feminino”.
Tem outra característica interessante a escrita de MTH neste livro, ou duas:
A primeira o apresentar-nos apenas o olhar interno da Mulher, a realidade e o “outro(s)” não interessam neste percurso que faz perscrutando a alma feminina.
Outro é a escrita poética, cheia de repetições, bonitas, bem conseguidas, mas que prefiro enquadradas na poesia.
Não é de leitura fácil este livro. Ou será se não estivermos interessados em compreendê-lo e eu tenho este defeito de querer ganhar alguma coisa com os livros que leio! 😜


2 comentários:

  1. Não é muito a minha praia, confesso.
    Boa semana

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  2. A poesia deve ser consumida em doses homeopáticas, não é? Para que se possa degustar palavra a palavra, som a som... digo eu.

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