terça-feira, novembro 10, 2020

Dúvidas...

(reflexão a propósito de uma coisa qualquer que li por aí algures)

Nunca eduquei os meus filhos para serem vencedores.
Vou explicar!
Nunca lhes incuti a ideia de que têm de ser melhores do que os outros. De que a vida se vive na competição e que apenas há lugar no mundo para os que são melhores do que todos os outros.

Para os meus filhos serem vencedores estaria implícito que haveria vencidos. Ou, de outra maneira, que se não fossem eles próprios vencedores que teriam sido vencidos e que esse lugar seria de alguma forma menor.

Nem eu nem o Mr Boop somos competitivos, ou somos quando estamos a "jogar", mas temos os dois muito bom perder e qualquer irritação ou mau estar que fique de uma derrota passa rapidamente. Usamos o humor, brincamos, e pedimos uma desforra da qual temos a certeza da qual sairemos perdedores novamente (eu a jogar ping-pong por exemplo).

Ou seja - alguma competição é saudável, ajuda-nos a ser melhores, puxa por nós, mas nunca subjugando o outro. De supremacias já chegam aquelas de que não podemos fugir por condicionalismo social - que sei que a utopia de que somos todos iguais é bonita, mas que vivemos numa sociedade cheia de pre-conceitos e regras às quais por muito que queiramos não somos completamente indiferentes.

Nunca disse: "se te fizerem mal faz em dobro para aprenderem", "Se te baterem bate de volta". A ideia de - Tens de mostrar quem manda! - não me é nada agradável.

E cooperar?

E ajudar os que têm mais dificuldade?

E pedir ajuda quando não se sabe/percebe?

E a cumplicidade?

Confesso que este percurso nem sempre foi fácil.
Às vezes pergunto-me se não deveria incutir mais competitividade.
Fico perdida neste mundo de ritmos alucinantes em que parece que toda a gente tem de ser a melhor a fazer tudo para conseguir ter alguma satisfação na vida.
E se eles estiverem a perder um comboio qualquer que eu nem sei que iria passar...?

Será que neste mundo a satisfação está inevitavelmente ligada ao sucesso?

Parece que os filhos têm de ser "MUITO BONS" pelo menos numa ou duas coisas. Menos que isso não conta. Ser "Bom" é fraquinho, e um "bom" não serve para nada.

É difícil educar simplesmente para "ser" num mundo de "Tem de ser".

Conseguisse eu ter filhos seguros, confiantes e abertos ao outro, e seria (serei!) uma mãe feliz.

Mas basta?






5 comentários:

  1. Não sei se estarei habilitada para falar sobre educação de crianças/filhos, mas acho que alguma competição pode ser benéfica. Não no sentido vencedor vs vencidos, mas sim numa perspectiva de auto-superação. Isto faz algum sentido?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim sim.
      Querer ser melhor implica alguma comparação, com os outros e consigo mesmo.

      O que me inquieta é a crença que os filhos têm - é mesmo a palavra "TÊM" - de ser os melhores.

      Eliminar
  2. O meu maior desafio é ajudar as minhas filhas a serem felizes.
    Só isso.

    ResponderEliminar
  3. Há competição em tudo e sobretudo quem se aproveite dos melhores sem mexer uma palha.(refiro-me às chefias). Sempre disse às filhas e hoje digo aos netos a nível de desporto e estudos...treina e estuda dando o teu melhor porque o que mais interessa não é a classificação mas sim a participação. Foi menos bom? paciência para a próxima vez será melhor. E junto a isto que disso o que o Pedro disse:)

    Beijos e um bom dia

    ResponderEliminar
  4. Ah, as eternas dualidades....
    Ainda nao tenho resposta para isso. Tambem vivo neste mundo e percebo o que importa nao e ser ou fazer, e ter estatuto, competir e vencer. Para te lemberem o rabo depois e dizerem que es o maior. E se cais vais de bestial a besta.

    Devem as pessoas ser criadas para amar e ajudar o proximo? Serem compreensivas e abnegarem umtanto de si em beneficio de uma comunidade? Claro. MAS... eu passei por isso e de certa forma a competitividade, bem ensinada, a saudavel, teria me levado longe. Tao longe como daqui a Jupiter!

    Um abraço

    ResponderEliminar