Terminado mesmo a tempo de ir de férias!
Não fiquei fã do livro, ponderei até não o terminar, mas fez-me reflectir, entre outros pensamentos soltos, sobre duas questões que me são muito queridas, a saber:
1 - Porque leio eu?
Este é um livro de abstrações, um apelo permanente à capacidade de fantasiar o diferente, de abertura ao desconhecido e ao inconcebível. Impele-nos à criação de cenários internos díspares, próximos do mundo onírico, em que nem tudo faz sentido. Perdi-me na narrativa umas quantas vezes. Os capítulos que mais me prenderam versavam o funcionamento das cidades e não a sua forma.
Ora, tornou-se mais claro o que procuro eu nos livros. E claramente procuro reconhecer-me, reencontrar-me, aprender de mim. Que um livro, uma narrativa, me permita pensar-me a mim e como me relaciono com o mundo. Seja de forma mais metafórica ou concreta, por identificação ou por diferenciação, por me dar a conhecer factos concretos/históricos ou da subtileza dos afectos. Os livros enquadram-me, ensinam-me, espelham-me, ampliam-me, porque vivo enquanto leio uma vida que não sendo a minha o é.
Este livro também o permite em certa medida. Mas de uma forma muito mais exigente. Fazer estas extrapolações é possível mas não de forma fluida e espontânea. Requer trabalho consciente e de articulação abstrata de conceitos e filosofias.
2 - O fascínio das cidades.
Sempre tive/tenho um fascínio infantil sobre a organização das cidades. A teia complexa, para mim algo transcendente por ser inconcebível com os meus conhecimentos, de todos os elementos que constituem uma metrópole. Desde a rede de esgotos, à distribuição do comércio, passando pelos serviços necessários, e por mais um milhar de aspectos que nem sequer me ocorrem. Para mim as cidades (e à medida que a sua dimensão e complexidade aumentam, ainda mais) são prova irrefutável da complementaridade indispensável às comunidades humanas. Fico fascinada ao observar esses organismos vivos em funcionamento. Como respiram, como os ritmos se harmonizam em danças idiossincráticas, como cada cidade é diferente de outra, e como a massa anónima que as habita faz delas aquilo que são sem disso terem verdadeira consciência.
Aqui Ítalo Calvino é muito melhor do que eu. Tentando criar na sua cabeça modelos de construção e funcionamento.
Bem. O tempo de leitura desta obra não foi tempo perdido como podem constatar. Mas não é o meu estilo de livro.
Acredito que o livro até tenha uma narrativa interessante. Por vezes é mais ou menos interessante conforma o estimulo que se sente para ler..
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Um domingo feliz
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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BOAS FÉRIAS
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