O primeiro romance de Edna O’Brien. Escrito há 62 anos. Está muito distante do último “girl”, separam-nos muitas décadas, uma vida inteira como mulher e como escritora.
É verdade que foi afinando brilhantemente a arte da escrita. Nomeadamente a possibilidade/capacidade que tem de escrever sobre as mais horríveis, desumanas, inomináveis experiências dos seus personagens. Tornando-os mais próximos, mais nossos, expondo o indescritível, nessa partilha íntima de episódios que não teriam palavras não fosse a mestria de Edna O’Brien. Expõe sem ser exibicionista. Fala do “mal” sem ser perversa. Leva-nos a conhecer os limites da condição humana, e enquanto a lêmos sabemos que somos todos feitos da mesma matéria, identificamos-nos com sofrimentos que não sabemos que existem.
Mas esta Edna é a mais madura.
A Edna de “Raparigas de província” estaria ela própria a descobrir o mundo, e o mundo da escrita. É um livro delicioso. Acompanhamos o crescimento de duas raparigas, desde o início da adolescência até ao início da vida adulta.
(Tem qualquer coisa de Carson McCullers - talvez por trazer a adolescência no feminino - mas essa parecença vai-se diluindo à medida que o livro avança)
Foi um livro censurada pela forma como aborda a sexualidade - estávamos noutros tempos. A minha leitura agora encontra apenas o olhar inocente da descoberta, a excitação das novas experiências, e o desejo de liberdade e aventura.
Excelente pontapé de saída para uma carreira literária!
Com uma inocência travessa, astutas ainda que inexperientes, as duas raparigas deixam a escola do convento e chegam às luzes brilhantes de Dublin, onde Caithleen descobre que amantes meigos e ideais raramente existem no mundo real.
Registo a sugestão.
ResponderEliminarBoa semana