Embora conheça o JPR há alguns anos, só o descobri há poucos, numa daquelas ocasiões felizes em que longe de casa e na companhia de bons copos se fala, noite dentro, de meninices, de amores, encantos, em que na penumbra se vê para além da armadura.
Recentemente surpreendeu-me mais uma vez.
Um Mail.
Com um registo sonoro.
E um poema dele declamado.
O JPR poeta!
Do poema gostei!
Surgiu como mais uma noite de copos, de partilhas, e descobertas.
Uma porta de entrada para um mundo mais íntimo. Para afectos e sentires.
Uma porta de entrada para um mundo mais íntimo. Para afectos e sentires.
Mas não gosto muito de poesia declamada (a não ser que o seja feito com uma raríssima excelência)
Partilho agora aqui o que partilhei com ele a propósito disso:
Cada leitor empresta ao texto algo seu, e transforma dentro de si as palavras e intenções do escritor/poeta.
Por isso acho que partilhar, publicar, um texto é um acto de coragem. É prescindir de algo que nasceu nas vísceras e permitir que outro o mastigue, redescubra, reinvente.
Prefiro ler no meu silêncio. E emprestar à palavra escrita o meu ritmo, a minha entoação, a minha emoção, a minha leitura.
É muito raro gostar de ouvir dizer um poema. Prefiro a minha voz interna."
Serei só eu a ter esta resistência a prescindir da minha própria leitura?
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ADENDA
(Obrigada JPR por enriqueceres o meu post!)
VERTIGEM
Detenho-me no declive vertiginoso da escarpa,
é uma vertigem,
uma força que me impele a sobreviver
no lapso final do instante.
Ao longe, na idade da velhice,
falam-me de paraísos,
dizem que os astros brindam
ao triunfo laborioso do amor.
Sempre exististe em mim,
e eu ainda não te descobri,
ou descobri-te no fulcro da fatídica cegueira.
João Paulo Ribeiro
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