Hoje é dia de terminar livros.
😁
Paulina Chiziane é considerada a primeira romancista moçambicana, com o primeiro romance publicado em 1990.
Prefere intitular-se como contadora de histórias.
Neste livro temos sem dúvida o ritmo, som, a cadência, a músicalidade das histórias contadas e da tradição oral.
Embora não tenha ficado fascinada reconheço-lhe alguns pontos de grande interesse.
Traz-nos a história contada pelos negros, diferente daquela dos compêndios de história. A colonização, os assimilados, os revoltados, os magos, a eterna hierarquia que separa negros, mestiços e brancos. O racismo feroz entre pares.
Fala-nos do corpo moeda de troca, do corpo usado e abusado, da escravatura, da venda, do mau-trato. E atenção, não necessariamente do poder do homem branco sobre o negro. Simplesmente do poder! Da posse do outro.
Também fala de amor, de filiação, de pertença. Mas sempre num fundo de crueza e dor. A fatalidade de um povo preso num destino ao qual é impossível escapar.
Não gostei do final da história… demasiado “bom”, com uma resolução mágica de todos os conflitos.
Talvez Paulina Chiziane tenha sentido o apelo das histórias contadas à beira da fogueira ou na soleira da porta, em que se semeia a esperança com um punhado de nada - como se buscasse solução mágica para todo o sofrimento mas não soubesse o caminho para lá chegar.
Confesso que não conheço a obra da escritora.
ResponderEliminarBfds
Conheci a Paulina Chiziane há uns anos e é um encanto poder ouvi-la. Ela tem decidamente o condão da palavra, um espírito crítico, a mente aguçada e uma voz maravilhosa.
ResponderEliminarTambém comprei esse livro, mas não cheguei a lê-lo... queria ter comprado um outro que aparentemente está esgotado há anos chamado Nhetchi ou qualquer coisa assim.