quarta-feira, agosto 31, 2022

28/40 O Mapeador de Ausências


Continuo no grande continente Africano, que nunca visitei. (Com a excepção de um saltinho a Cabo Verde que num encontro tão rico me levou a esse centro nevrálgico de uma parte terrível da história do encontro entre Europa e África)

Mas vou lendo as suas histórias, através de muitos autores.
Mia Couto, é um moçambicano “privilegiado” (acho que não ofendo ninguém adjectivando-o assim), que por isso mesmo tem a possibilidade de contar as histórias da sua terra simultaneamente de dentro e e fora. E fá-lo, como todos sabem, com aquela sua característica de ir inventando palavras que vão dando expressão às vivências dos seus personagens. É como que um atrevimento, o nomear o que ainda não foi dito.
Acabo por ir acompanhando a sua obra.
Este romance não está dentro das histórias por ele contadas de que mais gostei.
Mas lê-se bem.
Conta-nos a história de um regresso a casa, à Beira, de alguém que fez a vida adulta em Maputo onde se tornou professor universitário. Nesse regresso visitamos um Moçambique pré 25 de Abril, com soldados, com segregação, com a PIDE, mas também o encontro com a magia de um continente, o relembrar dos cheiros, dos lugares, de personagens cheias de afectos de uma infância e adolescência longínqua que esta viagem reaviva.
Fica pelas ⭐️⭐️⭐️


SINOPSE

Diogo Santiago é um prestigiado e respeitado intelectual moçambicano. Professor universitário em Maputo, poeta, desloca-se pela primeira vez em muitos anos à sua terra natal, a cidade da Beira, nas vésperas do ciclone que a arrasou em 2019, para receber uma homenagem que os seus concidadãos lhe querem prestar.
Mas o regresso à Beira é também, e talvez para ele seja sobretudo, o regresso a um passado longínquo, à sua infância e juventude, quando ainda Moçambique era uma colónia portuguesa. Menino branco, é filho de um pai jornalista e sobretudo poeta, e de uma mãe toda sentido prático e completamente terra-a-terra. Do pai recorda o que viveu com ele: duas viagens ao local de terríveis massacres cometidos pela tropa colonial, a sua perseguição e prisão pela PIDE, mas sobretudo, e em tudo isto, o seu amor pela poesia. Mas recorda também, entre os vivos, o criado Benedito (agora dirigente da FRELIMO) e o seu irmão Jerónimo Fungai, morto a tiro nos braços da sua amada, a bela e infeliz Mariana Sarmento, o farmacêutico Natalino Fernandes, o inspector da PIDE Óscar Campos, a tenaz e poderosa Maniara, e muitos outros; e de entre os mortos sobressaem o régulo Capitine, que vê uma mulher a voar.

O Mapeador de Ausências
de Mia Couto 
ISBN 9789722130608Edição/Reimpressão 11-2020Editor: Editorial CaminhoIdioma: PortuguêsDimensões: 135 x 209 x 27 mmEncadernação: Capa molePáginas: 416






1 comentário:

  1. Olha, nem de propósito! Emprestaram-me esse mesmo livro no domingo. A descrição já me fizeram tocar vários sininhos aqui na minha cabeça. É acabar o que estou a ler agora e possivelmente esse será o senhor que se segue.

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